quarta-feira, 4 de julho de 2012

O primeiro curativo

Ao chegar no Centro de Queimados do Hospital São Marcos, depois de preencher a documentação de praxe dos planos de saúde, fui levado para a sala número 2. Uma enfermeira e um cirurgião começaram as perguntas habituais sobre que tipo de substância havia provocado as queimaduras, local, dia, hora, etc. Sempre que era questionado sobre o local, respondia que havia sido em um restaurante e todos sempre perguntavam no que eu estava trabalhando naquele restaurante para provocar queimaduras tão extensas. Quando eu replicava que era apenas um cliente, todos ficavam perplexos.

- Como? Você estava almoçando? Perguntou o cirurgião.

Trincando os dentes de dor, tentava explicar todo o processo que levou ao meu infortúnio. 

- Veja, disse uma outra enfermeira mais experiente que havia chegado para ajudar a primeira, esse vai ser o seu pior curativo. 
- Por que? Perguntei quase com lágrimas nos olhos.
- É porque teremos que retirar todo este tecido morto sem anestesia antes de fazer o curativo.

O tecido morto era a pele de quase todo meu braço direito, ombro, parte direita das contas, etc. Depois de toda a tortura, feito o curativo, chega o cirurgião plástico responsável pelo setor de queimados e manda abrir todo o curativo para dar o diagnóstico inicial (o definitivo só seria dado depois de três dias). A enfermeira, quase enfartando, obedece. Ele olha, olha, diz que as lesões foram extensas e de 2º e 3º graus, pede que eu seja instalado no segundo andar do hospital e diz que fará o primeiro debridamento cirúrgico no dia seguinte.

Nenhum comentário: